Foram muitas as reuniões para que a confraria existisse. Não ocorreu de forma planejada. Começou a nascer, possivelmente em 2004, quando iniciei um ensaio para um trabalho de pesquisa que pretendia reunir precursores do design gráfico paranaense. Para tanto, entrevistei o arquiteto e colega professor Rubens Sanchotene, na casa dele (leia aqui).

O “Sancho”, como bom gaúcho de Uruguaiana, sempre cultivou o hábito de, pelo menos uma vez por semana, frequentar uma churrascaria. Assim, a convite dele, começamos a nos reunir com amigos, às sextas-feiras, para jantar. Os encontros gastronômicos continuaram com alguns comensais eventuais e outros mais engajados. O tempo se encarregou de manter sete assíduos frequentadores nos jantares semanais. Não demorou para que se ventilasse a existência de uma confraria. Mas, como nada existe antes de ser nomeado, era preciso encontrar um nome que fizesse sentido e exprimisse o espírito do grupo. Muitas sextas-feiras transcorreram sem a solução, que todos desejavam espontânea e de aprovação instantânea. Até que uma piada resolveu o problema.

Estávamos reunidos em um animado jantar comemorativo da posse, de nosso confrade Ivens Fontoura, na presidência do Rotary Club Curitiba Norte, em julho de 2016, quando nosso outro confrade, Sérgio Kirdziej, contou a piada que ajudou a nominar a nossa Confraria. Ei-la:

Certa vez, numa pequena cidade do interior, o pároco da comunidade adoece e é substituído, nos serviços religiosos, por um sacerdote muito idoso e que há muito não oficiava missa. É domingo e a igreja está lotada. Lentamente, o velho padre se dirige ao altar. Todos se levantam. Ele então aproxima sua cabeça grisalha do livro aberto sobre o altar e, depois de alguns segundos, encara os fiéis e vaticina:

– Setenta monos!

Nenhuma reação dos presentes. Após constrangedores segundos, o velho religioso inclina novamente a cabeça sobre o livro e, depois de mais alguns intermináveis segundos, volta-se para os fiéis e replica:

– Sete monos!

Novamente nada acontece. Nesse instante, todos observam o sacristão correr em direção ao padre e lhe entregar seus óculos, que imediatamente ele coloca e volta a olhar com atenção para o livro sobre o altar. Em seguida e com certo constrangimento, comanda:

– Sentemo-nos!

Como somos sete confrades e, como humanos, parentes dos macacos, nada mais espontâneo e instantâneo do que aproveitar a deixa da piada e nominar a confraria de “Confraria Setemonos”. Pois, foi o que ficou resolvido. E mais! A partir de então, nos encontros das sextas-feiras, o jantar só começa depois de todos, em pé, a uma só voz, brindarem dizendo: – Sentemo-nos!  

É claro! Encontrar o nome resolveu apenas uma parte da questão. Ainda faltava dar materialidade ao nome, isto é, criar uma imagem, uma marca para identificar a confraria. Desde então, colecionei alguns desenhos. Reproduzo aqui duas ideias que prevaleceram. A primeira de concepção heráldica já foi devidamente apresentada ao grupo, aprovada e reproduzida em camisetas no final do ano passado. A segunda ainda está em apreciação como segunda alternativa

Figura 1 – Marca heráldica p&b.

Para deixar clara a origem da confraria, na posição denominada em heráldica de Timbre – acima do Elmo – está representada uma parte da mandala paranista, criada pelo artista Lange de Morretes e encontrada em muitas calçadas portuguesas de Curitiba (Figura 3).

Figura 2 – Marca heráldica colorida.
Figura 3 – Detalhe do Timbre com parte da mandala paranista.
Figura 4 – Camiseta com a marca heráldica.
Figura 5 – Versão alternativa da marca.
Figura 6 – Camiseta com a versão alternativa da marca.