Novembro nebuloso em Curitiba. Chuva de todos os tipos. Dirijo pela Mariano Torres, seis da tarde, trânsito congestionado. O carro avança alguns metros e para por quilométricos segundos. Numa dessas paradas faço a foto que ilustra esse post. No rádio, Marina canta “chove lá fora e aqui faz tanto frio”. A canção soa antiga e adequada ao momento. Para passar o tempo, escolho pensar em outras canções dedicadas à chuva. E lá vem Jorge Bem Jor cantando “chove chuva, chove sem parar”. E Gal Costa com Chuva de Prata. Lembro então de Have You Ever Seen the Rain do Creedence Clearwater Revival. No rádio do carro, coincidência ou não, a canção seguinte é de Adele, que me distrai pondo fogo na chuva, imagem poética para cantar uma desilusão amorosa em Set Fire to the Rain.

Adele ainda cantava quando meu exercício mental foi interrompido por uma aguardada celeridade do trânsito. Estaciono e, com o auxílio de um indispensável guarda-chuva, percorro algumas quadras. Durante a caminhada decido fazer uma lista com outras canções sobre chuva. Imagino ser um bom passatempo para uma noite chuvosa em casa, diante do computador. Por fim, chego ao destino planejado.

A chuva prossegue sua sequência de pingos e cada um, ao encontrar obstáculo, produz um som peculiar. Lembram o segundo movimento do quarto concerto, Inverno, das Quatro Estações de Vivaldi, quando alguns violinos em “pizzicato” representam a sonoridade dos pingos gelados da chuva. Uma bela imagem sonora e mais uma música para a lista.

Vivaldi, As Quatro Estações. Inverno, II, Largo. John Harrison com a Wichita State University Chamber Players.